segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ex-integrantes celebram 30 anos do Titãs com 60 minutos de música e abraços

Formação original do Titãs se reúne em São Paulo para show que comemora os 30 anos da banda. (06/10/2012)

O anúncio da aparição dos ex-integrantes dos Titãs no show de 30 anos da banda, ontem, no Espaço das Américas, em São Paulo, poderia deixar a dúvida de que talvez fossem simples participações especiais para dar uma força aos quatro músicos responsáveis pela sobrevivência do grupo. Ao contrário, a volta da formação quase original fez crescer o clima de celebração. Os sete surgiram abraçados e permaneceram no palco durante uma hora.
O show foi dividido em dois. A formação atual, com Paulo Miklos, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto, tocou durante 50 minutos músicas como “Diversão”, “Aluga-se” (sucesso de Raul Seixas) e “Televisão”. O primeiro tributo aos 30 anos da banda aconteceu logo no início, quando Britto anunciou “Epitáfio” como uma homenagem a Marcelo Fromer, ex-guitarrista do Titãs, que morreu atropelado em 2001. Pouco depois, Paulo Miklos pediu ao público - jovens que aparentavam ter de 25 a 30 anos, misturados a homens e mulheres de cabelo grisalho - que vote de forma consciente, e bradou contra a corrupção. “Não tem esse papo de que os meus ladrões são melhores que os seus”, falou, antes de “Vossa Excelência”.
Depois de “Bichos Escrotos”, os quatro se despediram, como se a apresentação acabasse ali. Após um pequeno intervalo, Miklos, Britto, Mello e Bellotto voltaram, acompanhados de Arnaldo Antunes, que deixou o Titãs em 1992, Nando Reis, que saiu em 2002, e Charles Gavin, que era o baterista até 2010.

Arnaldo abriu a segunda parte com “Comida”. Nando Reis, o ex-Titãs mais esperado, o único que nunca se juntou ao grupo nem em ocasiões especiais, após sua saída, e o último a confirmar presença no show de ontem, foi ovacionado assim que pegou o baixo e assumiu o microfone para cantar “Família”. Depois, emendou com “Igreja”.
Britto foi à frente do palco e “ensaiou” versos de “Polícia” com a platéia, antes que Gavin desse a introdução. Sérgio cantou parte desta música abraçado a Nando e Arnaldo. O clima de celebração continuou com “Cabeça Dinossauro” tocada com dois baixos e duas guitarras.
Antunes ganhou uma espécie de momento solo em que lembrou a performance cênica que exibia quando integrava o grupo, em “O Pulso” e “Lugar Nenhum”. Mas para os fãs antigos do grupo, o mais emocionante veio logo depois. Nando, novamente no baixo e nos vocais, mandou “Marvin”, cantada em coro pelo público que encheu a casa.
“Sonífera Ilha”, primeiro sucesso do Titãs, colocou a platéia para dançar e era a canção prevista para encerrar a noite, mas a banda ainda voltou para um segundo bis, com “Porrada” e a reprise de “Bichos Escrotos”, desta vez com os sete no palco, e Nando e Branco formando uma dobradinha de baixos.
O tom histórico do show já era previsto, mas é interessante notar como uma banda com 30 anos tem – como outras de sua geração - letras que se encaixariam na situação sócio-política do país ainda que fossem escritas hoje. Apesar disso, a banda voltou a chamar a atenção justamente por performances comemorativas: o show em que tocou, na íntegra, o álbum “Cabeça Dinossauro”, de 1986, e agora este, celebrando as três décadas de carreira. Ao menos fica claro que não há necessidade de se deixar levar por arranjos mais “maduros” para envelhecer junto com seu público.

Fonte: José Norberto Flesch (UOL, São Paulo)

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