sábado, 3 de dezembro de 2011

Os Replicantes - Surfista Calhorda

OS REPLICANTES - SURFISTA CALHORDA

O punk, acima de tudo, é uma forma de protesto. Diferentemente do estilo Dylaniano, letras recheadas de críticas ao sistema aliadas à simplicidade musical característica ao folk, o punk usa o sarcasmo como principal ferramenta. Fugindo do arquétipo panfletário, que o rebaixou a mero contestador político-partidário, esse estilo teve suma importância social desde a sua primordial criação por bandas como MC5 e Stooges. A forma era simples: perturbar e cutucar o inimigo com vara curta à base de muito escárnio e fanfarronice. Passaram-se os anos e o estilo ganhou uma estética própria. O mundo se distraia com a Guerra Fria, mas a juventude estava mais interessada nos Ramones, Hüsker Dü, The Undertones ou Black Fag.
Apesar da década de oitenta ter sido, até então, a mais tranquila dos últimos trinta anos, a crise política (final da ditadura militar brasileira) e econômica (a famosa "década perdida") tornavam a produção cultural brasileira um tanto esquizofrênica. Uma militância política parasitando as artes assolava e tirava toda a pureza das obras. Fosse um texto, uma encenação teatral ou musical, era necessário ter um elo político. O mercado da "produção cultural" viu que discursos e ideologias políticas vendiam bem, logo, bastava apenas "colocar trancinhas" para esconder o aspecto natural de Nosferatu. Evidentemente, isso também influenciou o punk.
Apesar do atraso de quase dez anos, o estilo chegou ao Brasil e de imediato consolidou uma das escolas mais significativas desse estilo. O movimento que começou em São Paulo, logo ganharia reconhecimento por todo o território nacional. Se por um lado havia bandas com fortes vínculos com órgãos políticos (PT, CUT, MST, entre outros), havia aqueles que, ainda, tentavam mostrar o quão frustrante é esperar algo via encenação política. Nesse contexto, Porto Alegre dava a luz aos Replicantes, em 1983.
A formação inicial, e considerada clássica, contava com Carlos Gerbase (bateria), Wander Wildner (vocal), Cláudio Heinz (guitarra) e Heron Heinz (baixo). Após gravar um compacto pelo selo Vortex com apenas quatro canções, "Rock Star", "O Futuro é Vortex", "Surfista Calhorda" e "Nicotina" – essas duas últimas tornando-se hits na rádio Ipanema - o grupo fez estrondoso sucesso na capital gaúcha.
O próximo passo seria um Lp. O trabalho trazia muita expectativa, pois seria a oportunidade da banda mostrar que tinha calos o suficiente para se consolidar na cena roqueira nacional. O Futuro É Vortex (RCA) chegou às prateleiras e, consigo, trouxe novos ares que oxigenaram o processo criativo e a própria concepção do indivíduo e do movimento "punk".

Fonte: Coluna Blues Rock - Ugo Medeiros

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