Formação original do Titãs se reúne em São Paulo para show que comemora os 30 anos da banda. (06/10/2012)
O anúncio da aparição dos ex-integrantes dos Titãs no show de 30 anos
da banda, ontem, no Espaço das Américas, em São Paulo, poderia deixar a
dúvida de que talvez fossem simples participações especiais para dar uma
força aos quatro músicos responsáveis pela sobrevivência do grupo. Ao
contrário, a volta da formação quase original fez crescer o clima de
celebração. Os sete surgiram abraçados e permaneceram no palco durante
uma hora.
O show foi dividido em dois. A formação atual, com Paulo Miklos, Branco
Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto, tocou durante 50 minutos músicas
como “Diversão”, “Aluga-se” (sucesso de Raul Seixas) e “Televisão”. O
primeiro tributo aos 30 anos da banda aconteceu logo no início, quando
Britto anunciou “Epitáfio” como uma homenagem a Marcelo Fromer,
ex-guitarrista do Titãs, que morreu atropelado em 2001. Pouco depois,
Paulo Miklos pediu ao público - jovens que aparentavam ter de 25 a 30
anos, misturados a homens e mulheres de cabelo grisalho - que vote de
forma consciente, e bradou contra a corrupção. “Não tem esse papo
de que os meus ladrões são melhores que os seus”, falou, antes de “Vossa
Excelência”.
Depois de “Bichos Escrotos”, os quatro se despediram, como se a
apresentação acabasse ali. Após um pequeno intervalo, Miklos, Britto,
Mello e Bellotto voltaram, acompanhados de Arnaldo Antunes, que deixou o
Titãs em 1992, Nando Reis, que saiu em 2002, e Charles Gavin, que era o
baterista até 2010.
Arnaldo abriu a segunda parte com “Comida”. Nando Reis, o ex-Titãs mais
esperado, o único que nunca se juntou ao grupo nem em ocasiões
especiais, após sua saída, e o último a confirmar presença no show de
ontem, foi ovacionado assim que pegou o baixo e assumiu o microfone para
cantar “Família”. Depois, emendou com “Igreja”.
Britto foi à frente do palco e “ensaiou” versos de “Polícia” com a
platéia, antes que Gavin desse a introdução. Sérgio cantou parte desta
música abraçado a Nando e Arnaldo. O clima de celebração continuou com
“Cabeça Dinossauro” tocada com dois baixos e duas guitarras.
Antunes ganhou uma espécie de momento solo em que lembrou a performance
cênica que exibia quando integrava o grupo, em “O Pulso” e “Lugar
Nenhum”. Mas para os fãs antigos do grupo, o mais emocionante veio logo
depois. Nando, novamente no baixo e nos vocais, mandou “Marvin”, cantada
em coro pelo público que encheu a casa.
“Sonífera Ilha”, primeiro sucesso do Titãs, colocou a platéia para
dançar e era a canção prevista para encerrar a noite, mas a banda ainda
voltou para um segundo bis, com “Porrada” e a reprise de “Bichos
Escrotos”, desta vez com os sete no palco, e Nando e Branco formando uma
dobradinha de baixos.
O tom histórico do show já era previsto, mas é interessante notar como
uma banda com 30 anos tem – como outras de sua geração - letras que se
encaixariam na situação sócio-política do país ainda que fossem escritas
hoje. Apesar disso, a banda voltou a chamar a atenção justamente por
performances comemorativas: o show em que tocou, na íntegra, o álbum
“Cabeça Dinossauro”, de 1986, e agora este, celebrando as três décadas
de carreira. Ao menos fica claro que não há necessidade de se deixar
levar por arranjos mais “maduros” para envelhecer junto com seu público.
Fonte: José Norberto Flesch (UOL, São Paulo)
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