sábado, 11 de maio de 2019

Legião Urbana V - 5º Álbum da Banda

O álbum reflete duas situações: a crise econômica causada pelo então Plano Collor e a dependência química do vocalista da banda, Renato Russo. Em 1990, o cantor descobriu ser portador do vírus da AIDS. Porém, ao contrário de Cazuza, ex-vocalista do Barão Vermelho, Renato nunca assumiu em público a doença.
Suas canções são marcadas por influências sombrias e medievais: a primeira faixa, Love Song, é uma cantiga de amor em português arcaico, composta no século XIII por Nuno Fernandes Torneol. O clima soturno prossegue pela canção Metal Contra as Nuvens, dividida em quatro partes, com 11 minutos e 28 segundos (sendo assim a música de duração mais longa da banda); e pelo instrumental A Ordem dos Templários, que inclui a peça Douce Dame Jolie, de Guillaume de Machaut, do século XIV. Renato Russo o considerava “o Pornography da Legião Urbana”.
A dependência química é retratada na canção A Montanha Mágica. A crise econômica da época, por sua vez, serviu de temática para O Teatro dos Vampiros, um dos principais sucessos do disco (que teve a introdução adaptada da peça Canon de Johann Pachelbel).
Em contraponto ao clima sombrio das primeiras faixas de V, se destacam canções mais alegres, como Sereníssima, L'Âge D'or (a mais pesada) e O Mundo Anda Tão Complicado (onde Renato versa sobre o cotidiano); e românticas, como Vento no Litoral (mais tarde regravada por Cássia Eller). O disco termina com Come Share My Life, uma canção tradicional do folclore Americano.
Em comparação ao anterior, As Quatro Estações, teve uma vendagem bem inferior, com 465 mil cópias (cinco vezes menos que o disco anterior), ainda assim, sendo o sexto disco mais vendido da banda e premiado com Disco de Platina Triplo. Canções, como Vento no Litoral e Teatro dos Vampiros, tocaram incansavelmente nas rádios; Metal contra as nuvens é uma das canções mais populares de toda a banda, mas não tocou nas rádios por ser muito extensa, mais de 11 minutos. A turnê do V foi a mais curta da banda, iniciada em Julho de 1992 e interrompida em fins de setembro do mesmo ano, devido à situação insustentável das crises alcoólicas de Renato Russo.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Por que o dance bombou tão rápido quanto entrou em decadência no Brasil?

O cantor Kasino se apresenta na terceira edição do Planet Pop Festival, em 2006.

Quando eu tinha por volta de oito anos de idade, minha mãe, cantora profissional, gravou alguns singles para uma gravadora chamada Building Records. Eram versões mais pop, sintéticas e modernas de clássicos como "How Do I Live" (1997), da cantora country LeAnn Rimes, e "(They Long To Be) Close To You", famosa na interpretação do The Carpenters em 1970. Ela gravava sob o nome de Klauss, e as músicas chegaram a ficar grandes no nível de eu escutá-las algumas vezes na rádio ou no clube da cidade em que eu morava. Klauss chegou até a se apresentar no Planet Pop Festival para alguns milhares de pessoas, e o retrato que tiraram dela neste dia está num porta-retrato no rack da nossa sala até hoje.

Alguns anos mais tarde, quando estava no ensino médio, lembro de uns amigos especialistas em memes terem me mostrado um vídeo que permanece um dos maiores marcos para a internet brasileira, mais de dez anos depois do acontecimento original. O grande evento Kasino no Sabadaço, que apesar dos gritos de Gilberto Barros clamando que o cantor era um "DESTAQUE I-N-T-E-R-N-A-C-I-O-N-A-L" se tratava da apresentação de um cantor brasileiro de dance music no programa do Leão, que acabou viralizando pela empolgação desmedida do apresentador em seus gritos insistentes de "AE KASINÃO!" e "AS BALADAS".
Em suas épocas respectivas, os dois acontecimentos funcionaram totalmente desprovidos de contexto na minha cabeça; levaram alguns anos pra que eu começasse a perceber que, na verdade, Klauss e Kasino pertenciam a um mesmo universo pop e cafona dos anos 2000 no Brasil: o chamado eurodance.

Durante os primeiros anos após a virada do século, as pistas paulistanas eram dominadas pela importação de hits europeus (depois, pela fabricação de sucessos nacionais) que misturavam batidas do house e trance em sua potência mais comercial possível e jogavam por cima letras quase sempre mal traduzidas em inglês.

O eurodance, simplesmente dance, como ficou conhecido por aqui, ficou grande o bastante para que seus artistas frequentassem programas de auditório, dominassem as rádios e até ganhassem seu próprio festival, o Planet Pop Festival, cuja primeira edição completa 15 anos em agosto de 2019. O ritmo está ligado, ainda, ao começo da popularização massificada da música eletrônica no Brasil.
As cantoras Klauss e Dalimas cantam na edição de 2005 do Planet Pop Festival

Como é contado por Erika Palomino no livro Babado Forte, a história do underground eletrônico paulistano começa nos anos 70 e 80 com as discotecas e desemboca anos mais tarde em casas como Madame Satã, que dá origem à Nation, ao qual se seguiu o Massivo e assim por diante. Nesses locais, o som que pegava era o techno e house que começavam a ganhar tração nos Estados Unidos. Mas eles ainda eram exceção. 

"Ninguém conhecia [esses gêneros], praticamente. Eram só alguns DJs que tinham acesso e que tocavam, e não dava pra tocar em todo lugar", conta Camilo Rocha, jornalista e pesquisador de música eletrônica que discotecou na noite paulistana a partir de 1987. "Aquelas casas grandes da zona leste - Toco, Overnight, Contramão - que foram super importantes nesse cenário de dance music até, eram bem farofa na época, bem mais pop. Tocava muito New Order, Madonna, Pet Shop Boys, Erasure, Information Society".

Ao fim da década de 1980, porém, essas casas já começavam a tocar sons vindos de uma linhagem de discos europeus que pegavam elementos dessa música eletrônica underground, principalmente o house, e incorporam isso num som muito mais comercial. O sucesso do gênero foi crescendo exponencialmente: o famoso termo "poperô", por exemplo, surgiu do clássico "Pump Up the Jam" (1989) do grupo belga Technotronic, enquanto a brasileira Olga Maria de Souza, ou Corona, ficou em top 10 de paradas ao redor do planeta com a canção "The Rhythm of the Night" em 1993.
O sucesso dos sons chegou aos ouvidos das distribuidoras brasileiras, que passou a incorporar esses artistas em seus catálogos. Nilton Ribeiro, que em 1991 montou a gravadora Paradoxx Music junto a Silvio Arnaldo, conta que frequentou por alguns anos o festival francês Midem (Marché International du Disque et de l'Edition Musicale), grande encontro anual de empresas ligadas à música, à procura de licenciamento para as faixas que buscava importar. Ele também destaca a importância que a rádio Jovem Pan e as coletâneas As 7 Melhores da Jovem Pan, lançadas pela Paradoxx, tiveram na disseminação do gênero nesta época.

"A Jovem Pan foi uma das pioneiras a entrar na dance music, tinha espaço pra tocar. Meu sócio era muito ligado à rádio e ao Tutinha, e isso foi estopim para o grande boom da gravadora. [As coletâneas] chegavam a vender milhão de cópias".

A popularização do som rendeu até algumas tentativas de iniciar projetos de dance music no Brasil. O produtor Gui Boratto, junto a seu irmão Jorge e a cantora Patrícia Coelho, criou em 1994 o grupo Sect, que conseguiu relativo sucesso com as faixas "Follow You (Crazy for You)" e "I Can Stop Loving You"; a dupla Ricco Robit, formada por Tibor Yuzo e Ricardo Coppini, lançou com a cantora Anny as faixas "I Don't Let You Go" e "Somebody" em 1997 - ambos são cantados em inglês apontados como dois dos primeiros projetos bem-sucedidos de música eletrônica no Brasil.
O produtores de Ricco Robit na capa da revista Night World, publicação que noticiava a cena

"Eu não conseguia conceber a ideia de que a gente era só consumidor", fala Yuzo, que era DJ desde 1987 e começou a produzir quando comprou uma Roland TR-707. "Eu acreditava no mercado e queria fazer alguma coisa pela cena. Mas na época os meus amigos, os outros DJs, e até os caras de gravadora não acreditavam muito. Ninguém tocava. Faziam de conta que o que eu estava fazendo não existia".

Foi também nessa época que o público frequentador de baladas eletrônicas, com a expansão do dance, começou a mudar. Palomino descreve esse momento como a ascensão do "hétero-techno", que trouxe "um público que inclui patricinhas desgovernadas e bofes lutadores de jiu-jitsu, brigas e confusões e críticas às bichas mais montadas". Do meio para o final da década de 1990, porém, com a ascensão de outros ritmos como o drum'n'bass e o próprio techno, o movimento dance acabou esfriando.

Não levou muito tempo, porém, para que na década seguinte uma nova geração de artistas se influenciasse pelo trance que surgiu das cenas inglesas new-age e criasse um som bem mais melódico, menos caracterizado pelas batidas marcadas do house, que puxaria o eurodance de volta a um lugar de destaque. Na primeira metade dos anos 2000, artistas como as belgas Ian Van Dahl e Lasgo e o italiano Magic Box lançaram hits inquestionáveis e reacenderam a faísca do eurodance no Brasil, desta vez começando um incêndio maior.
Em 1999, Tibor Yuzo, que já trabalhava como produtor musical, foi contratado pela gravadora
Building Records para começar a produzir eurodance com artistas brasileiros - era mais
barato, afinal, fazer música aqui do que importar discos e faixas dos artistas europeus. O que começou com pequenos testes de singles e artistas se tornou um mercado gigante para a gravadora: em algum momento, Yuzo afirma, a dance music era 80% do market share da Building Records. "Chegou ao ponto do dono da gravadora me pedir uma música sexta pra eu entregar na segunda e ir terça pra fábrica. Já não havia mais dúvida, era certeza de que a música iria tocar. Quando ia para a balada, chegava a ouvir três produções minhas tocarem numa mesma noite".

Paulo Pringles, na época coordenador de programação musical na Jovem Pan, curador de diversas coletâneas da rádio e DJ de grandes clubes na Vila Olímpia, confirma a popularidade das produções de eurodance brasileiras e gringas nessa época. "O Alain [Chehaibar, dono da Building Records] quis investir, e muitos artistas ficaram muito fortes. Era difícil você ver um artista de dance, nessa época, que a galera curtia tanto quanto um de pop. E ele conseguiu fazer isso", diz.

Entre esses artistas estava Kasino, cujo single "Can't Get Over" chegou a fazer parte da trilha
sonora da novela da Globo América e esteve entre as mais tocadas no Brasil em 2005 e 2006.
Apesar do sucesso e polêmicas, os artistas envolvidos no projeto parecem querer se distanciar cada vez mais de Kasino - Fher Cassini, vocalista, e Ian Duarte, produtor, rejeitaram o pedido de entrevista sobre o grupo para esta reportagem. Outro projeto de sucesso foi a cantora Dalimas, principalmente com o single "Livin' On a Prayer" (sim, uma versão de Bon Jovi).
Todo esse sucesso culminou na vinda de Lasgo para o Brasil em 2003, com abertura de Dalimas e Adrianne Garcia, outro projeto nacional produzido pela Building. O sucesso do show produzido pela gravadora foi tão amplo que deu a Yuzo a ideia de iniciar o Planet Pop Festival, cuja primeira edição aconteceu em agosto do ano seguinte com dois dias esgotados na Via Funchal e apresentações de, novamente, Lasgo e Dalimas, com a adição de Ian Van Dahl no lineup.

"O objetivo do Planet Pop era fomentar, trazer conteúdo para a comunidade que gostava de dance music. Gerar vídeos, assuntos para as pessoas que frequentavam", conta o produtor. A meta parece ter sido alcançada: de 2004 a 2006, o festival teve quase 20 mil espectadores por edição. O Planet Pop se tornou um marco para tanto os artistas quanto o público, que até hoje sobe vídeos das apresentações no YouTube e faz comentários nostálgicos sobre o festival.
Da esquerda para a direita, Ian Van Dahl, Magic Box, DJ Paulo Pringles, DJ Ross e Erika

"Quando gravei a 'Livin' On a Prayer', não esperava essa grande repercussão. Só me dei conta do tamanho quando cantei na abertura do Planet Pop Festival em 2004. Foi uma grande emoção", diz Dalimas. Paulo Pringles, que se apresentou na edição de 2006 num back to back com o DJ Tom Hopkins, complementa sobre a importância do festival: "Foi um festival pioneiro no Brasil. No mundo da música eletrônica 'fubá', comercial, foi o primeiro. Até hoje não existem muitos grandes festivais de música eletrônica, tirando as raves, no Brasil que não sejam importados".

Como todo gênero que desfruta de uma ascendência meteórica, porém, o dance também sumiu das rádios e baladas tão rápido quanto tinha entrado. Ribeiro e Yuzo apontam motivos parecidos para os fins da Paradoxx e Building Records, notando como a pirataria e a disseminação de música pela internet teve um impacto não nos grandes impérios da indústria musical, mas nas pequenas gravadoras. Com a falência das menores, também, as grandes começaram a comprar seus catálogos de dance music, que nesta época já representava apenas uma pequena porcentagem do mercado de música pop.
Público vibra com apresentação Planet Pop Festival, maior evento do gênero eletrônico à época

Os efeitos e heranças do eurodance, porém, ainda são muito presentes para os que viveram a época. Se em seu berço europeu o som inspirou o que conhecemos hoje por EDM com artistas como David Guetta, Tiësto e Armin van Buuren, além da ascensão de festivais gigantescos como Tomorrowland e Ultra, no Brasil as consequências do sucesso do gênero também afetaram a cena de música eletrônica diretamente. "É a teoria da porta de entrada pra portas mais pesadas, sem dúvidas [risos]. Muitos DJs ou pessoas que passaram a frequentar festas mais underground de techno e house diziam que o primeiro contato com música eletrônica foi ouvindo dance na rádio", fala Camilo Rocha.

Para Yuzo, a música pop sintética brasileira deve muito ao eurodance. "Hoje temos produções nacionais não só cantadas em inglês, mas finalmente chegamos no momento em que temos música eletrônica cantada na nossa língua", diz. "Muitos produtores foram, depois do dance, produzir pop rock, funk. A influência da dance music não ficou restrita à dance music em si, mas foi uma grande incentivadora da produção musical nacional como um todo".

Fonte: Amanda Cavalcanti (Colaboração para o TAB, em São Paulo)

segunda-feira, 4 de março de 2019

Keith Flint, vocalista do The Prodigy, morre aos 49 anos

O cantor britânico Keith Flint, vocalista da banda The Prodigy, foi encontrado morto em sua casa em Dunmow, no Reino Unido, nesta segunda-feira. Ele tinha 49 anos.
De acordo com a BBC, a polícia diz que recebeu "chamados para preocupações com o bem-estar de um homem" na manhã desta segunda. Ao chegar ao local, Flint já estava morto, mas a morte não é considerada suspeita.
Flint fez sucesso com os singles "Firestarter" "Breath", "Out Of Space" e "Smack My Bitch Up", da banda The Prodigy, em meados dos anos 1990.
Além das diversas tatuagens e dos penteados ousados, tinha como marca registrada as apresentações enérgicas.
O último álbum da banda, "No Tourists", foi lançado em novembro de 2018 e eles se preparavam para uma nova turnê nos Estados Unidos em maio.

Fonte: G1

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Technotronic de volta à crista da onda...

"Pump Up the Jam" é a canção de abertura do álbum Pump Up the Jam: The Album do grupo Technotronic. O single tornou-se um hit mundial, alcançando, entre 1989 e 1990, a primeira posição na Bélgica, Islândia, Portugal e Espanha, além da segunda posição no Reino Unido e nos Estados Unidos. Posteriormente, recebeu a certificação de platina triplo. No Brasil foi uma das músicas mais tocadas nas pistas e FMs entre 89 e 90...
"Pump Up the Jam" apresenta uma fusão de elementos do hip hop e de deep house, sendo um dos primeiros exemplos do gênero hip house. A música tornou-se a primeira do mercado americano de break a alcançar o mainstream da indústria. Em 2005, foi remasterizada e mixada pelo produtor musical D.O.N.S.
Ainda em 1989, M.C. Sar & The Real McCoy lançaram uma regravação de "Pump Up the Jam" que alcançou a 16ª posição na Alemanha e a 100ª nos Países Baixos. Em 1990, a canção foi parodiada em língua alemã como Pump ab das Bier ("Pump away the beer!", em inglês) por Werner Wichtig, nome artístico de Raimund Thielcke.
O programa de TV infantil americano Kids Incorporated também regravou a canção. 
Em 1992, "Weird Al" Yankovic fez uma versão polca da música no medley "Polka Your Eyes Out". O single também foi sampleado na canção Da pump de Da Tekno Warriors em 1998.
Foi remixada por Crazy Frog no disco de 2005 Crazy Frog Presents Crazy Hits.
O DJ de techno-trance Sander van Doorn remixou a faixa em 2006.
Technotronic foi um grupo musical de dance music e house music criado na Bélgica na década de 1980. A sua música tem forte marcação de sons graves, somada à voz de Ya Kid K, cantora nascida o Zaire (atualmente República Democrática do Congo) e radicada na Bélgica. Curiosamente, só depois de algum tempo o rosto de Manuela Kamosi (Ya Kid K) foi exposto nos videoclipes e nos shows do Technotronic. 
O que mais chamava a atenção no Technotronic era o resultado de um talentoso trabalho de criação de músicas, com instrumentos sofisticados e mixagem impecável para os padrões da época. Sob a produção de Jo Thomas De Quincey Bogaert (é possível vê-lo no clip da música "Get Up").
As canções "Pump Up the Jam" e "Move This", algumas das principais criações originais do Technotronic, foram incluídas no início da década de 1990 em comerciais da fabricante de eletrônicos Philips e da fabricante de cosméticos Revlon, e isso deu um forte impulso à projeção da banda nos mercados brasileiro e norte-americano de música eletrônica. O Technotronic marcou toda uma geração de jovens e adolescentes que freqüentavam boates na época em que esteve no auge, bem como os amantes de ritmos musicais que surgiam e cresciam naquele momento, como a house music e a dance music.
Atualmente, o videoclipe Pump Up the Jam é uma das músicas eletrônicas mais visualizadas pela Internet, com quase 130 milhões de visualizações no YouTube.
E hoje volta à crista da onda no Brasil, tornando-se tema da novela Verão 90 da Rede Globo...

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Legião Urbana e As Quatro Estações (4º Álbum da banda)

As Quatro Estações é o quarto álbum da banda brasileira Legião Urbana, lançado em 1989.
Foram vendidos mais de 2,6 milhões de cópias, sendo o disco mais vendido da banda.
O álbum cristalizou a formação que perduraria até o fim da mesma, após a saída do baixista Renato Rocha, por seu não comprometimento com o grupo.
A partir da turnê deste álbum, Renato, Dado e Bonfá passaram a contar com três músicos de apoio: Fred Nascimento (guitarra rítmica e violão), Bruno Araújo (baixo elétrico) e o produtor musical Mu Carvalho (teclados).
Na letra de "1965 (Duas Tribos)", Renato cita "modelos Revell". Revell é uma empresa fabricante de peças em miniatura para montagem de réplicas.
Também é citado na letra o estúdio de animação Hanna-Barbera, criador de desenhos como Os Flintstones, Zé Colméia, entre outros.
A canção "Feedback Song for a Dying Friend" é uma homenagem a Robert Mapplethorpe, um ex-fotógrafo americano, a alguns amigos e a Cazuza, que sofria de Aids, doença que viria a matá-lo em 1990 e a Russo em 1996.
Originalmente, deveria ser uma canção em português, intitulada "Rapazes Católicos". A letra, entretanto, foi reprovada e alterada para a versão em inglês conhecida hoje. Da ideia original, sobrou apenas a base instrumental.
"Pais e Filhos" é uma canção que fala de suicídio. Em 1994, durante uma apresentação da banda no programa Programa Livre, do SBT, Renato Russo desabafou ao ver a reação alegre da plateia ao anúncio de que iriam tocá-la:
"Escuta, vocês sabem que essa música é sobre suicídio, né? É sobre uma menina que tem problemas com os pais, ela se jogou da janela do quinto andar e não existe amanhã. Isso é uma música seríssima, que nem "Índios". Eu não aguentaria ouvir duas vezes seguidas. Às vezes essas músicas refletem um momento da minha vida que eu não gosto de lembrar mais."
Neste disco há as três músicas com os maiores títulos: "Feedback Song for a Dying Friend" (27 letras), "Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar" (30 letras) e "Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto" (34 letras).
Com 2,6 milhões de cópias vendidas, ele emplacou também o sucesso "Meninos e Meninas". Aliás, foi através dessa música que Renato Russo sugeriu pela segunda vez a sua bissexualidade (sendo a primeira em "Quase sem Querer" do álbum Dois, onde cantou "eu sei que você sabe, quase sem querer, que eu vejo o mesmo que você" e "eu sei que você sabe, quase sem querer, que eu quero o mesmo que você" - embora na época quase ninguém tenha percebido).
Um outra curiosidade do disco é que no encarte vem uma tradução feita para o português do Millôr Fernandes para a música "Feedback Song for a Dying Friend". Achando estranho, inicialmente Millôr Fernandes negou traduzir dizendo que não fazia traduções para o inglês, foi então que soube que era traduzir uma música que ele tinha feito em inglês para o português e resolveu traduzir depois de combinar um preço "altamente profissional". Millôr Fernandes achou mais estranho após ler a letra e verificar que foi tão bem escrita no inglês e que Renato Russo conversava em inglês perfeito e citava Shakespeare com certa precisão. Millôr Fernandes é considerado o maior tradutor de Shakespeare para o teatro.

Ouça As Quatro Estações Completo!!

Em breve, Legião Urbana V

terça-feira, 31 de julho de 2018

Como surgiu "Ragatanga", o maior hit de 2000

Alexandre Schiavo (Ex-Vice Presidente da Sony)

Vamos voltar um pouco no tempo: o ano é 2001. O mercado fonográfico passa por sua pior crise. Há pirataria física e uma ameaça real de a Sony fechar no Brasil, por causa dos resultados negativos: cinco anos consecutivos de prejuízo. Isso tudo quando cheguei aqui, transferido de Miami. Então eu tenho uma reunião no SBT, onde me falam do Popstars, um programa que seria lançado no ano seguinte, com o objetivo de montar um grupo pop, que veio a ser o Rouge.
Aquilo me deu um clique muito grande. “É isso. Isso aqui tem umagrande chance de ser histórico”, pensei. Só havia um problema: tudo já 
estava muito encaminhado, praticamente fechado com a gravadora BMG, na época minha concorrente.
Fiz o seguinte: inspirei-me no filme Do que as mulheres gostam, recém-lançado, com o Mel Gibson. O personagem, um publicitário, vai para casa e compra um vinho, passa batom, se depila, vive um monte de experiências para sentir o universo feminino. Fiz a mesma coisa. Quer dizer, parecido. Em vez do universo feminino, entrei no universo
pop. Comprei duas garrafas de vinho, comprei um charuto — que fumei poucas vezes na vida — e fui para casa em busca da epifania. Escrevi um plano de arketing no formato do Advertising nature, um revistão publicitário da época. E Elisabetta, a principal diretora do projeto, embarcaria no avião para a Itália no dia seguinte. Consegui uma
pessoa para entregar esse plano para ela na sala de embarque, de última hora, impresso no formato de revista. Ficou acertada uma reunião para quando ela voltasse.
Disse a ela que tentaria trazer artistas internacionais, Shakira, Ricky Martin... Claro que eu não podia prometer nada, na Sony eles nem sabiam ainda que eu estava fazendo essa negociação. Daí a Elisabetta 
respondeu: “A gente vai fazer com vocês, só que tem uma condição... queremos você como jurado do programa”. Imagina, quase caí de cara! Nunca tinha feito um programa de televisão e, ainda nessa época muito confusa, com crise no mercado, eu tinha de botar a companhia nos eixos de novo. Um programa de televisão me consumiria, como me consumiu, por cinco meses em São Paulo. Era praticamente a semana inteira de gravações. Como eu mantive minha função de vice-presidente de marketing, tinha de trabalhar em dobro. O programa me consumia para caramba, tanto de trabalho físico quanto emocional.
Lembro que as primeiras audiências eram parte de uma convocatória geral, no Sambódromo de São Paulo. Umas 2 a 3 mil candidatas em fileiras de cinco ou seis, e a gente passava, os três jurados, ouvindo. Ali a gente já anotava quem iria para a próxima etapa. Ver aquelas caras todas, aquela esperança, aquela ansiedade, gente passando mal.
Aquelas pessoas todas cantando em coro, em uníssono, uma mesma canção. Enfim, foi muito forte. Havia histórias incríveis. Uma menina tinha chegado lá com o dinheiro só para a passagem de ida de ônibus, vinda de uma comunidade do Rio de Janeiro. Eu estava ali exposto àquelas pessoas, cada uma com um sonho.
As etapas de eliminação do programa também foram uma experiência enriquecedora. Claro que as Spice Girls eram uma referência, mas a gente sabia que tinha de fazer uma coisa com um tempero nacional. Por isso cada integrante do Rouge tem um estilo, um perfil. Havia também a questão da harmonização dessas vozes, não podiam ser vozes exatamente iguais. Primeiro: tinha de ter talento, mandar um à capela e emocionar. Não dava para ser um fake, não podia haver uma que cantasse mais ou menos, essas vozes tinham de dar certo.

Rouge com 15 anos de carreira

Para as músicas, eu tinha um contato da Sony na Escandinávia, que era quem fazia todos os hits dessas bands, “boys” ou “girls”. Comecei a trazer umas músicas para o Rick Bonadio traduzir, outras ele mesmo fazia, a gente também pedia muito que as meninas fizessem alguma coisa autoral. A coisa foi ficando muito bacana, músicas legais, só que… não havia um hit.
Um dia ligou minha ex-chefe, vice-presidente de marketing da regional da Sony em Miami. E falou: “Alex, a gente tem uma situação aqui, uma música de três meninas, o pai delas é assinado com a companhia na Espanha… Ele é o autor. Temos de lançar isso no Brasil, mas tem de usar o original”. Escutei a música: “Acererrê, rá, tanananana...”, um trava-língua incompreensível. Era muito interessante, mas um problema. Pensei: como é que vou fazer?
Não tem onde tocar isso aqui, com três meninas da Espanha que ninguém conhece, está tudo em espanhol, ninguém vai entender. A única coisa que me ocorreu foi tentar vender para alguma marca de ketchup, para fazer uma campanha. Afinal, era “The ketchup song”. Liguei para o Dody Sirena, que é meu amigo, empresário do Roberto Carlos: “Dody, olha essa música, você que tem contato com o mercado publicitário... vê o que consegue fazer”.
Em paralelo, a gente levando o disco das rouges aqui. Todo mundo na Sony achava que eu estava morto. Ninguém acreditava no projeto. E a Globo lançou, ao mesmo tempo, a Operação triunfo, um formato da Espanha, muito parecido com o Popstars. Passavam o programa no domingo, para a gente brigar pela audiência... As pessoas estavam preocupadas comigo. Eu ouvia: Poxa, tinha de estar mais focado na empresa, está gastando muito tempo com isso, fica muito tempo em São Paulo, blá-blá-blá. E o “acererrê” na minha cabeça. Eu chegava à companhia, na famosa reunião de marketing de segunda-feira, perguntava quem tinha visto o programa. Ninguém via o programa. Ninguém. Eu tinha de pedir para alguém gravar o programa, depois fazia todo mundo assistir. Todo mundo me olhava como morto. “O Schiavo se queimou. Deu mal. Acabou.” E o “acererrê” na minha cabeça.
O presidente da empresa na América Latina, um americano, Frank Welzer, me ligou: “Como está indo o projeto?”. Falei: “Frank, para mim, o que vai fazer esse grupo estourar, o grande diferencial, vai ser essa música. Eu preciso dessa música. Sei que existe uma situação política, que tem de lançar como a original, mas eu preciso dessa música”. É muito difícil você detectar um hit assim. Nunca me arrisquei em minha carreira, 25 anos de música, a escutar uma coisa e dizer: “Isto aqui é um hit”. Mas umas músicas são muito claras, não é? Esse foi um dos casos. O trava-língua era um chiclete, não saía da cabeça! Logo depois do Rouge veio o Br’oz: “Sim! Sim! Sim! Esse amor é tão profundo, você é minha prometida, eu vou gritar pra todo mundo!”. Uma versão mais animada que fizemos para “Fruta fresca”, do Carlos Vives. Nossa, foi um hitaço também, mas os meninos não chegaram a vender tanto quanto as rouges. Outro hit claro foi a música do Roberto Carlos: “Esse cara sou eu”. Acompanho o Roberto e trabalho com ele há anos. Quando tocou essa música, eu pensei: “É aquela música que a gente está esperando há anos o Roberto fazer!”.
Bom, de volta a 2001, cheguei com uma gravação de “Ragatanga” ao estúdio do Rick Bonadio, já gravando o final do programa, as meninas com a gente. No meio de uma pausa, falei: “Rick, põe essa música aqui, por favor”. Elas ficaram enlouquecidas. Elas nunca tinham escutado e, já da primeira vez, começaram a cantar e a fazer uma coreografia, de cara. Como num passe de mágica, elas começaram a cantar... E eu só repetindo: “Mas que é isso?! Que é isso?!”.
A Elisabetta, a diretora, entrou e me deu um esporro: “Como é que você para tudo e põe essa música? Que música é essa? Não tem nada
a ver!”. Aí, o Rick: “Schiavo, que p... de música maluca”. Nunca me esqueci disso, o Rick assim para mim: “Alex, mas essa música não tem nada a ver com o grupo, não tem nada a ver com o disco. E também não tem um toque autoral delas. Então, a gente tem de realmente arranjar esse repertório”. Falei: “Que grupo? Que disco? O álbum ainda não foi lançado para o mercado! As pessoas nem sabem quem é o Rouge, ainda! É o que a gente quiser que seja”.
Fizeram com que eu viajasse até a Argentina, até a sede da produtora original do programa, para sentar com o chefe da televisão argentina, que é um gentleman, em um escritório maravilhoso em Puerto Madero. Sentei ali com ele, mostrei a música. Ele ouviu e disse, com voz grave:
“Quem conhece seu mercado é você. Se você acredita, então, ok. Você está convencido?”. Respondi que estava convencido de que essa música era o que podia fazer diferença. Aí eu voltei, música aprovada, as meninas enlouquecidas. Mas os outros não queriam lançar como single. Como primeira música de trabalho lançamos uma balada, que era mais o que o Rick queria: “Não dá para resistir ao seu amor, nanana”. Eu já sabia, intuitivamente, que aquela não ia fazer diferença. Então já mandei gravar os dois videoclipes ao mesmo tempo: o da baladinha e o da “Ragatanga”. Dois dias de gravação, tudo ao mesmo tempo.
Mandei a baladinha para o pessoal de rádio. Aquela execução fria. Realmente, saiu a música, foi superbem, mas durou menos de duas semanas. As meninas estavam em vários programas no SBT, teve um boomzinho. Mas, para quem vendia mais de 100 mil, não era suficiente, e aquilo ia vender de 30 a 40 mil, nem pagava o investimento. A música começou a cair. Eu era dado como morto. Hora da última cartada na manga... vamos com “Ragatanga”.
Para sair com “Ragatanga”, a rádio mais forte era a Jovem Pan, com o temível — todo mundo sabia dentro do mercado — Tutinha, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, dono da rádio. Fui lá ter uma reunião com o homem. Cheguei no Tutinha já com o remix pronto, porque sabia que ele pediria o remix. Ele disse que era uma música difícil, e eu falei: “Está aqui o remix”. Aí ele: “Vou tocar esse negócio uma semana, duas... depois vou tirar esse treco daqui!”. Tocou naquelas duas semanas e se alastrou para o Brasil inteiro. Num negócio que estava vendendo 30 mil, chegava o pessoal de vendas dizendo: “Tenho mais 50 de pedido... 50 mil”. Passavam quatro dias: “Não são mais 50, são 100 mil”. Começou a vender 200 mil por mês, chegou a 1 milhão de cópias. O Rouge salvou a empresa e meu emprego. Literalmente, quando todo mundo já me via como morto…
Dizem que a música certa pode transformar tudo na carreira de um artista, de uma gravadora, e até a vida das pessoas. É o poder de transformação que ela ganha quando se torna hit. E foi um grande hit. No ano passado as rouges voltaram. Seguem lotando shows pelo país.
E pra relembrar esse mega hit, vamos som em questão...


Por 

sábado, 26 de maio de 2018

Decepção!!!!!

Tristeza com certas coisas, à semanas tento postar nossos videos dos Programas Megamix exibidos nos Ponto dos DJs mas essa política de direitos autorais vem brecando geral...
Então fiquem ligados pra assistir ao vivo, quando o Facebook não derruba, pq tem isso também...
Lembre-se toda sexta feira, das 17 às 19hrs Projeto Megamix ao vivo em www.facebook.com/projetomegamix...
Aguardamos vocês!!!

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Projeto Megamix 0005 - 11-05-2018 - DJ André Motta e DJ Nando

Na última sexta feira dia 11-05-2018, tivemos mais uma super edição do Projeto Megamix em www.pontodosdjs.com.br e nessa edição da última semana, rolou a participação do DJ Nando fazendo uma seleção de underground e muitos sons que tremeram Chicago nos anos 90...
Vale à pena o clique, até porque, depois do set do DJ Nando eu mandei uma seleção arrumada de sons dos anos 2000.
Então lembre-se, todas as sextas feiras às 17hrs tem Projeto Megamix, sempre trazendo um DJ convidado pra agitar o seu fim de tarde.
Assista, comente e compartilhe...

sábado, 21 de abril de 2018

Projeto Megamix 0003 - 20-04-2018 - DJ André Motta e DJ Marcelo Marques

Ontem tivemos mais uma edição do Projeto Megamix, e nessa edição recebemos o DJ Marcelo Marques pra uma apresentação nota 10...
DJ Marcelo resgatou muitas canções dos tempos de Rio de Janeiro... Foi um fim de tarde bem bacana... Quem não assistiu, tem a oportunidade de assistir e se divertir...
Lembre-se, Projeto Megamix, toda sexta das 17 às 19hrs em www.pontodosdjs.com.br.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Projeto Megamix 0002 - 13-04-2018 - DJ André Motta e DJ Rogério Caldeira

Olá galerinha que acompanha o blog, na última sexta feira dia 13-04-2018, rolou a segunda edição do Projeto Megamix no www.ponrtodosdjs.com.br com a participação do DJ Rogério Caldeira rolando uma seleção espetacular de sons dos tempos áureos do Casarão, bastantes canções dos anos 80 pra vc recordar, eu já trouxe uma seleção de sons dos anos 90 que ficaram "esquecidas" pelos DJs, algumas canções que não rolava a anos...
Então dá o play aí e compartilhe pra todo mundo!!